segunda-feira, março 10, 2008

FRENTE BENGUELA, FORÇA ANGOLA

«Bancarização dos salários dos Funcionários Públicos emana de um poder autoritário...».

Segundo a VOA, em Benguela, a Frente para a Democracia - FpD ameaça realizar uma manifestação pública nos próximos dias contra a alegada decisão administrativa do governo da província que determina a bancarização dos salários de todos os funcionários públicos exclusivamente num banco estatal, violando o principio da liberdade contratual plasmado no código civil vigente em Angola. Segundo o secretario provincial da FpD, Francisco Viena, que falava para a Voz da América, esta decisão que emana do poder autoritário do governo de Benguela é anti-constitucional a medida que desrespeita o direito do cidadão escolher o banco que lhe presta melhor serviço.

«Se o governador provincial não ponderar aquilo que são as nossas posições, não ponderar os direitos dos funcionários públicos, não ponderar a liberdade que os cidadãos têm para escolherem aquilo que querem, estão nós não teremos outra forma senão recorremos a uma manifestação». Alguns panfletos que já começaram a ser distribuídos nas principais artérias da cidade, desde a manhã de hoje , exortam aos funcionários públicos a exercerem o seu direito de cidadania , exigindo o respeito pelos seus direitos.

Neste folheto designado Libertação Social, a Frente Para Democracia diz não compreender as razoes que motivaram tal decisão administrativa, quando se sabe que a economia angolana é uma das mais velozes do mundo e, contra todas as expectativas, os funcionários públicos angolanos continuam a ganhar um salário de miséria, obrigados a receberem num único banco estatal. Por conseguinte se confrontam com uma longa fila de homens e mulheres como se fossem mendigos.

O libertação social já está na sua segunda edição e aparece como estratégia desta formação política para contornar a falta de espaço com que a oposição se debate junto dos órgãos de comunicação social estatais ao nível da província, numa altura em que se aproxima a realização das próximas eleições.

Este meio tem possibilitado a FpD interagir de forma imediata com os eleitores, se opondo contra aquilo que considera de má governação de Benguela, uma iniciativa que segundo Viena já mereceu apoios de indivíduos pertencentes aos grupos do MPLA, descontentes com a forma como o país está a ser conduzido. De resto a Voz da América procurou ouvir a direcção das Finanças de Benguela, mas não obteve sucessos.(AC)

2 comentários:

Anónimo disse...

O GRITO BENGUELENSE

Já há muito se esperava por um primeiro grito público de indignação contra o que se passa na nossa maravilhosa cidade das Acácias Rubras.
Tudo que se ouve nas ruas, da boca do povo, na voz de vários homens decentes e honestos da Província e não só, nos desabafos de alguns descontentes do MPLA e do governo da Província, tanto em privado como em semi-público, tudo aponta para uma situação de podridão e de má governação da nossa Província.

Uma das figuras da Província, mais faladas por todos, é o próprio governador, senhor D. R. Este governador, é tratado como sendo, o senhor 20% ou Senhor 30%, entre outros nomes que lhe chamam, mesmo por alguns dos seus mais directos colaboradores. É também considerado como um dos mais egoístas dentro do egoísmo conhecido dos governadores. Dizem mesmo que o seu egoísmo é invejado por muitos concorrentes do governo central. A maior parte destas afirmações são feitas por homens que estão lá dentro.

O próprio governo central em Luanda tem conhecimento desta situação.
O Partido que governa e a que o governador pertence, também tem conhecimento da mesma. O Presidente da República que lhe nomeou, também sabe.
Aquilo que não vemos, é quem toma alguma atitude para se investigar tais situações. Nem o Presidente da República e o seu governo, nem o ministério público, nem o partido que governa ( o MPLA ) e até a própria oposição também se cala.
O quê que podemos esperar dos governantes do país e do partido do poder?
Têm eles alguma moral ou mesmo força para criticar ou atacar estes males? Não vale a pena. Podemos mesmo esperar toda a vida. Eles são todos Kambas. Eles não vão se queimar entre eles. Eles se defendem e se protegem. Só quem tem ilusão, ou quem espera um dia entrar na guerra do enriquecimento fácil, pode abrir a boca para falar a favor deles. Senão quem mais fala a favor deles?
Por isso, achamos que a oposição e a FRENTE ( FpD ) que é um dos partidos que vemos merecer a nossa confiança, têm que ajudar a desmascarar e lutar contra estas situações.

A ser verdade o que se ouve, é má escola para o investimento, seja ele estrangeiro ou nacional. Porque os investidores que aceitam as condições e os custos do investimento acabam por ganhar legitimidade para realizar jogos pouco claros no mercado. Acreditamos que muitos investidores acabam por se retirar devido a desonestidade das condições de investimento. Por outro lado, são os pequenos e médios empresários, principalmente os nacionais os que mais ficam prejudicados com estes jogos sem regras claras.

Estas situações não ajudam nada a nossa província nem o País.
Por isso, não podem ficar pela luta contra a bancarização dos salários dos trabalhadores da função Pública. Já é um bom começo, a FpD teve uma boa iniciativa com esta reclamação, mas há que continuar. E podem ter a certeza, terão o apoio de muita gente, mesmo de vários que estão no partido do governo, também são prejudicados.
Há muitos males na nossa Província contra os quais há que lutar.
Em frente, estamos convosco.
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Unknown disse...

"A Libertação Social ... aparece como a estratégia desta formação politica para contornar a falta de espaço com que a oposição se debate junto dos orgãos de comunicação sociais estatais ..."
Ouvindo e vendo o que se passou durante a reportagem em directo da TPA sobre o desabamento do edifício da DNIC em Luanda, quando a "ancora" nos estúdios dizia - não sei se estamos autorizados a perguntar ..." - também para ela parece ser evidente não haver muito espaço para a informação nos orgãos de comunicação social estatais - pelo menos na TPA - para o exercício livre da sua profissão.

Talvez se a referida "ancora" tivesse maior espaço para informação, durante os longos tempos mortos da reportagem tivesse procurado informação sobre como era possível haver mais de 10 detidos nas celas da DNIC, como era possível haver pelo menos uma criança entre os detidos, entre muitas outras questões que constituiriam informação ou pelo menos a sua busca. Claro está que isso só era possível se nos orgão de comunicação social estatal hovesse lugar para a informação.

Realmente comunicação social não é igual a informação, os orgãos de comunicação social não são obrigatoriamente meios de informação. As palavras são muito traiçoeiras, na mesma reportagem a "ancora" foi corrigida pelo repórter de campo - os moradores dos prédios vizinhos, até que o risco de desabamento fosse avaliado, não tinham sido desalojados, foram evacuados, ou melhor dito, foram aconselhados a se evacuarem - a diferença entre as palavras é importante pois significa que na acção não foi empregue a força (como acontece inevitavelmente nos desalojamentos), nem foram empregues grandes meios públicos (ou seja foi uma evacuação barata, sem gastos inúteis para o erário público, salvo os necessários para contatar os moradores e aconselha-los a se porem a ardar pelos seus próprios meios). Outro exemplo de como a palavras são traiçoeiras foi dado pelo sr. Ministro do Interior que se referiu várias vezes a "fazer informação" chamando assim à atenção para a diferença entre informar e fazer informação, talvez a informação produzida por outros orgãos de comunicação social estivesse correcta do ponto de vista do conteúdo (ou talvez não estivesse dado ele ter empregue a palavra "mentira") mas não estava bem fabricada (bem feita) ou seja a sua forma de execução era incorrecta, pois na sua opinião não era assim que se devia fazer informação, a informação deveria ser feita como a da TPA (procurando os seus artifices - de preferencia em off - obter as autorizações necessárias para as perguntas a realizar para produzir informação), num fluxo de informação calmo, ordeiro, quase completamente sem a interferencia desestabilizadora das emoções humanas, "clean" aliás em completa sintonia com as imagens da propria reportagem, em contraste com aquelas imagens de balburdia durante as operações de salvamento de um prédio demolidos por uma bomba na Turquia, India ou Iraque ou de destruições mais amplas na sequência de terramotos em qualquer área do globo.

A comunicação social estatal angolana produz por vezes informação, quando os seus artifices cometem lapsos ou se rebelam contra o patrão, o resto do tempo produz propaganda, esse é o seu objecto social. Bom é que a restante comunicação social produzisse informação e é pena que esse objectivo seja tão pouco atngido por quase todos eles, sendo mesmo dificilmente aceitável a posição do D. Anastácio (na sua patética intervenção púbilca referiu a diferença entre a responsabilidade individual e das colectividades, esperamos que a sua intervenção tenha sido feita na qualidade de cidadão - com direito de opinião - e não na sua qualidade de representante da Igreja Católica, o que representaria um retrocesso enorme para a liberdade de expressão na emissora e uma incoerência desta quanto aos objectivos que persegue de expansão da sua emissão para todo o território nacional.